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Forum de Estudantes de Biologia da Universidade do Porto


    [BM] Células Estaminais:Terapia Celular e Eng. de Tecidos

    Varicela
    Varicela

    Número de Mensagens : 853
    20042009

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    Mensagem por Varicela

    http://medicosdeportugal.saude.sapo.pt/action/2/cnt_id/2562/

    Células Estaminais: Terapias Celulares e Engenharia de Tecidos Humanos
    Dr. Rui Reis

    A Engenharia de Tecidos (ET) humanos combina numa mesma abordagem, e sempre com uma orientação fortemente virada pala a aplicação clínica, células estaminais do próprio paciente (abordagem autóloga) e suportes poliméricos (vulgo plásticos) biodegradáveis.

    Estes suportes tridimensionais são produzidos com determinadas características adequadas ao tipo de células estaminais que neles serão "semeadas". Esta combinação células/materiais é depois cultivada em in-vitro, iniciando a formação do tecido em questão, sendo passado algum tempo implantada no paciente original, o "dador" das células.

    Numa situação ideal o plástico degrada-se, sendo reabsorvido, as células continuam a formar tecido e no final temos regeneração total do defeito ou tecido.

    De facto a ET surge do cruzamento de diferentes áreas, como biologia, química, física e engenharia e pretende conseguir a reparação e regeneração de um dado órgão ou tecido que já não consegue desempenhar correctamente a sua função biológica.

    Em termos muito simples, a Engenharia de Tecidos pretende substituir as "peças" defeituosas e estragadas do nosso corpo.

    No Grupo de Investigação 3B's - Biomateriais, Materiais Biodegradáveis e Biomiméticos (www.dep.uminho.pt/3bs) - existe uma grande esforço e uma estratégia bem pensada e implementada no sentido de desenvolver estratégias eficazes de Engenharia de Tecidos.

    O grupo, um dos mais activos grupos científicos Portugueses, está fortemente envolvido em vários projectos e cooperações internacionais. Numa estratégia eficiente de Engenharia de Tecidos, acredita-se nos 3B´s -

    U. Minho que combinar materiais de suporte adequados com células estaminais adultas é claramente o caminho a seguir. As células estaminais foram reconhecidas desde que a histologia e a embriologia desvendaram o segredo da vida, dos tecidos e dos órgãos.

    Estas células podem transformar-se em vários tipos de células diferentes, através de um processo de diferenciação e, em teoria, manter a capacidade de substituir qualquer célula do corpo humano.

    Mas há que entender, que ao contrário do que muitas vezes passa para a opinião pública, não existem só células estaminais embrionárias, mas também adultas, por exemplo na gordura ou na medula óssea. Estas células estaminais, se utilizadas adequadamente em terapias celulares ou engenharia de tecidos, podem regenerar qualquer tipo de tecido ou órgão danificado.

    Nos 3B´s acredita-se que para muitas aplicações no domínio das terapias celulares, e engenharia e regeneração de tecidos, a utilização de células estaminais adultas poderá ser suficiente.

    Todavia para encontrar soluções para problemas como diabetes, Parkinson, Alzheimer, doenças cardíacas, entre outras, e para ser possível encontrar uma terapia eficaz que possa resolver estas e outras doenças ainda sem tratamento na sociedade moderna, será certamente necessário a utilização de células estaminais embrionárias.

    De modo a garantir a disponibilidade de células estaminais (por exemplo de medula óssea ou do cordão umbilical) quando estas são necessárias para determinadas terapias, é necessário a sua preservação para utilização posterior (muitas vezes largas dezenas de anos depois da colheita).

    Surge assim, a criopreservação que pode ser definida de um modo muito simples como a manutenção de células retiradas do corpo através do congelamento das mesmas em condições especiais que permitam que elas se mantenham "adormecidas" até serem novamente necessárias.

    A criopreservação das células estaminais, nomeadamente do cordão umbilical, é já praticada no nosso país por diversas empresas privadas. Eu acredito que os sistemas público e privado devem coexistir na criopreservação de células estaminais.

    Acho que algumas terapias poderão vir a ser possíveis com abordagens heterológas e é necessário que essas terapias estejam disponíveis para toda a população e não só para alguns privilegiados. São assim necessários os bancos públicos.

    Mas entendo também que é claramente desejável que exista a possibilidade de abordagens autólogas (algumas terapias serão sempre unicamente possíveis recorrendo a células do próprio paciente), nas quais o cidadão como indivíduo tem o poder de decisão. Poder guardar um pouco de si que mais tarde nos poderá salvar a vida, parece algo retirado de um filme de ficção científica: mas não é. É o futuro, que está já aí.

    Por exemplo na nossa empresa Stemmatters (de que sou Presidente e responsável cientifico - CSO), vencedora do prémio nacional de empreendedorismo START (do BPI e Microsoft) em 2007, temos um modelo de negócio único.

    Baseia-se parcialmente em criopreservação, mas a ideia é oferecer serviços vocacionados para a valorização terapêutica de vários tecidos, incluindo o adiposo, cujo potencial biomédico é muito elevado, mas negligenciado.

    A nossa oferta é de facto distinta e complementar por exemplo das empresas que trabalham na criopreservação do sangue do cordão umbilical. A primeira diferença é evidente, muitos de nós não tiveram oportunidade de crioperservar o sangue do cordão à nascença porque o serviço não existia.

    Acresce ainda que somos uma empresa fortemente baseada em know-how de ponta e somos líderes científicos internacionais em diversas das áreas em que vamos operar.

    Assim vamos poder oferecer não simplesmente uma forma de congelar e guardar as células, mas também formas únicas de isolamento e serviços de expansão que não estão ao alcance de outras empresas.

    O isolamento de determinadas populações e a sua expansão (de um modo muito simples multiplicação ainda sem diferenciação) são críticas para o desenvolvimento de novos tratamentos particularmente em pacientes adultos. Há ainda que acrescentar que vamos oferecer suportes tridimensionais para cultura de células.

    Esta é uma área onde somos claramente líderes mundiais e existe de facto uma grande procura destes suportes para actividades de I&D, que vamos potenciar colocando toda a gente a trabalhar com os nossos materiais.

    Com base nestes dois tipos de actividades a nossa empresa pretende, a partir de 2014-2015, chegar ao top do grande mercado das terapias regenerativas de osso, cartilagem e pele, usando abordagens autólogas baseadas em células estaminais adultas e suportes plásticos 3D para o seu cultivo.

    Dr. Rui Reis,
    Director do grupo 3B's - Biomateriais,
    Materiais Biodegradáveis e Biomiméticos
    da Universidade do Minho, e
    Presidente da empresa Stemmatters
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    VoltSlash

    Mensagem Ter 06 Out 2009, 11:53 por VoltSlash

    tl;dr

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