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    Alergias alimentares são das que mais matam

    Varicela
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    01042010

    Alergias alimentares são das que mais matam Empty Alergias alimentares são das que mais matam

    Mensagem por Varicela

    http://dn.sapo.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=1530439&seccao=Sa%FAde

    Risco
    Alergias alimentares são das que mais matam

    As reacções alérgicas aos alimentos são das mais graves e a primeira causa de choques anafilácticos na comunidade, que podem levar à morte, alertam os médicos. É necessário estar muito atento aos rótulos dos produtos, por causa dos alergénios escondidos noutros alimentos, como é o caso da proteína de leite que se encontra no fiambre, em bolachas ou na gelatina.

    A primeira vez que Francisco Camilo, com meses de idade, provou um iogurte, foi o pânico. "Ficou todo vermelho, com manchas e falta de ar. Viemos a descobrir que tinha uma alergia grave à proteína do leite de vaca", conta a mãe, Maria João. Desde então, a alimentação de Francisco passou a ser muito cuidada. "Na cantina da escola só podia comer o prato de dieta e até a manteiga para barrar o pão ao lanche tinha de ser eu a mandar de casa, porque tinha de ser de soja."

    Francisco , hoje com oito anos, está entre os 5% e 10 % da população que têm alergia a alimentos. "Esta reacção anómala aos alimentos é denominada por hipersensibilidade alimentar", explica Mário Morais de Almeida, presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica.

    Segundo o clínico, este "distúrbio imunológico" é cada vez mais comum e acompanha a tendência do aumento das reacções alérgicas em geral. "A sensibilização aos alimentos é cada vez mais responsável por casos clínicos graves, potencialmente fatais, sendo a primeira causa de anafilaxia ao nível da comunidade", alerta.

    Nas crianças, as alergias alimentares mais comuns são a leite, ovos, peixe e cereais. No entanto, no que refere o leite, esta é, normalmente, uma alergia transitória. "Cerca de 2% do total das crianças têm alergia à proteína do leite de vaca, mas na esmagadora maioria a alergia desaparece ao final do primeiro ano de vida", explica Morais de Almeida. "A partir dos três anos, apenas 20% continuam com reacções alérgicas."

    Susana Ferreira, 34 anos, espera que o filho Bernardo, de nove meses, esteja nos outros 80%. "É muito chato porque, como ainda estou a amamentar, eu tive de mudar a minha alimentação. Não como derivados ou fiambre. É tudo à base de leite de soja e carnes de criação", conta a fisioterapeuta.

    Tal como o Francisco, na Catarina, de 14 anos, a alergia também se manifestou depois dos três anos. Nestes casos, é necessário ter cuidados redobrados, uma vez que quantidades mínimas podem ser fatais. "Em casa fazemos uma alimentação em função dela e na rua habituou-se a perguntar se o produto tem leite antes de comprar seja o que for ", conta a mãe, Helena Baptista.

    "O grande problema são os alergénios ocultos, ou seja, proteína do leite que esteja escondida noutros alimentos, como bolachas, pastéis, fiambre ou presunto", alerta Paula Leiria Pinto, do Hospital de D. Estefânia. "Podem desencadear reacções muito graves e levar à morte, mesmo quando a presença da proteína é muito pequena."

    "A crescente utilização de alergénios, muitas vezes de forma oculta, em alimentos processados industrialmente, tem contribuído para o aumento da incidência de reacções alimentares graves que decorrem de uma ingestão acidental", acrescenta Morais de Almeida, que deixa um conselho: "É imperativo ler sempre os rótulos dos produtos."

    Os adolescentes são, nestes casos, o grupo mais complicado: "Nem sempre andam com o kit de emergência [uma injecção de adrenalina], e o consumo de bebidas alcoólicas, típico nesta idade, pode ser fatal, uma vez que podem conter leite na sua composição", sublinha Paula Leiria Pinto.

    Já nos adultos, os alimentos que mais causam alergias são os mariscos, frutos secos e os frutos frescos. Nélson Valente, de 29 anos, é fotógrafo de profissão e acompanha dezenas de casamentos anualmente. "Adoro marisco e é angustiante passar pela mesa do camarão sem lhe poder tocar", conta" (ver foto em cima).

    Sílvia Silveira, de 38 anos, é, por seu lado, alérgica do pêssego. "Não posso sequer beber os néctares de que tanto gosto, sob pena de ficar com a garganta tão inchada que mal consigo falar ou respirar." Associado a isso, sofre ainda de reacções alérgicas aos pólens (foto).

    "Trata-se de uma reactividade cruzada, que é comum ao pêssego ou à maçã, por exemplo", explica Paula Leiria Pinto, acrescentando: "É frequente a existência de sensibilização simultânea às proteínas dos pólens que estão também presentes nos alimentos de origem vegetal, frutos ou legumes, o que explica o aparecimento da alergia alimentar."

    Mariana Ferreira, de 25 anos, também descobriu recentemente que era alérgica ao coco. "Custa-me imenso, porque adoro os chocolates que levam raspas de coco."

    Para Sílvia e Mariana, o tratamento recomendado é simplesmente deixar de consumir aquilo que lhes causa uma reacção no organismo. A excepção faz-se com o leite, em que se faz a indução de tolerância oral. "Começa a dar-se à criança quantidades mínimas de leite, que depois vão aumentando progressivamente, até que ela deixa de fazer reacção a pequenas quantidades", explica Morais de Almeida. "Este tratamento melhora substancialmente a qualidade de vida destes alérgicos", garante o médico. Desde que começou o tratamento, Francisco já consegue comer alguns alimentos com leite sem fazer reacções.
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