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Estudo publicado na «Science» refuta tese de que mamíferos se desenvolveram no tempo dos dinossauros
Uma equipa internacional de investigadores conseguiu reconstruiu o
antepassado comum dos mamíferos placentários, grupo que é hoje
extremamente diversificado e que inclui tanto roedores como baleias e,
claro, os humanos. Os cientistas utilizaram o maior conjunto de dados
existente de características físicas e genéticas.
Publicado ontem na «Science», o estudo revela que, ao contrário
do que defendiam teorias anteriores, os mamíferos placentários não se
diversificaram nas linhagens actuais antes do evento que levou à
extinção dos dinossauros não voadores e de 70 por cento das espécies que
existiam (há 65 milhões de anos).
A pequena criatura comedora de insectos agora apresentada, prova, dizem
os investigadores, que os placentários não se desenvolveram durante o
Mesozóico, mas um pouco depois. Este animal é o antepassado que deu
origem a todos os mamíferos hoje existentes.
“Espécies como roedores e primatas não conviveram com dinossauros não voadores”,
afirma Maureen O'Leary, do Departamento de Ciências Anatómicas da
Universidade Stony Brook (Nova Iorque) e uma das autoras do estudo.
Acrescenta que estes “descendem de um antepassado comum e surgiram
depois do desaparecimento dos dinossauro”, entre 300 mil e 400 mil anos
depois.
A equipa reconstruiu a anatomia do animal graças a fósseis de diversos
placentários, comparando-os com a informação genética de mamíferos que
ainda hoje existem. Este método permitiu determinar que características
apareceram primeiro e quais se mantiveram intactas.
Descobriram que este mamífero tinha um útero com duas trompas, um
complexo córtex cerebral e uma placenta semelhante à humana, em que o
sangue materno comunicava com as membranas que rodeiam o feto. Pesariam,
estimam, entre 6 e 245 gramas.
Fizeram também a árvore filogenética em que mostram as relações
evolutivas dos mamíferos desde o Triásico – há 250 milhões de anos – até
à actualidade. O bom estado do fósseis influenciou positivamente o
rigor do estudo. “O registo que temos de mamíferos está repleto de
fósseis muito bem preservados e não quisemos construir a árvore sem
utilizar essa evidência directa”, afirmam.
Entre esses fósseis encontra-se o de uma pequena criatura do final do
Cretáceo, descoberta em 1994. Na sua pelve observam-se ossos
epipúblicos, característicos dos marsupiais. Esta subclasse de mamíferos
são placentários (retém as suas crias no útero e alimentam-nas através
da placenta), o que demonstra a presença destes animais durante a etapa
final da era dos dinossauros.
A evolução destas espécies tem sido sempre registada no Cretáceo
Superior. Pensava-se que tinham sobrevivido ao evento que levou à
extinção dos dinossauros não voadores, na passagem do Cretáceo para o
Paleogeno. Esta nova investigação sugere que estes se desenvolveram na
época da extinção dos dinossauros ou pouco tempo depois.
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