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    [ECO] Ave do ano em risco de extinção

    Varicela
    Varicela

    Número de Mensagens : 853
    13042009

    [ECO] Ave do ano em risco de extinção Empty [ECO] Ave do ano em risco de extinção

    Mensagem por Varicela

    http://dn.sapo.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=1199535&seccao=Biosfera

    Ave do ano em risco de extinção
    por Rui Pedro Antunes12 Abril 2009

    Picanço-barreteiro. Antes era comum, agora está a desaparecer. A SPEA escolheu-o para Ave do Ano

    Com apenas 17 centímetros, o picanço-barreteiro, Lanius senator, conseguiu a proeza de impor-se como Ave do Ano de 2009. A escolha da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), como explica um coordenador da organização, Domingos Leitão, não foi só por esta ser "uma ave representativa das espécies agro-florestais", mas também "por representar as aves que antes eram comuns e agora estão em declínio."

    Para ser escolhido, o picanço-barreteiro teve de bater a concorrência, uma vez que os sócios da SPEA tiveram de escolher entre três espécies. Agora, esta pequena ave tem a responsabilidade de representar todas as espécies agro-florestais e lutar contra a sua progressiva diminuição, que já lhe valeu o rótulo de espécie "quase ameaçada" em Portugal.

    Apesar de durante o Inverno preferirem terras africanas, a sul do deserto do Sara, os picanços-barreteiros passam a Primavera e nidificam na Europa. Até aos anos 80 a espécie era bastante comum nos países mediterrâneos, mas esse cenário tem vindo a mudar. O biólogo Domingos Leitão explica que estas aves "têm diminuído drasticamente, tendo decrescido 50% nos últimos 30 anos."

    Os motivos do flagelo há muito que foram identificados. "A intensificação agrícola e florestal, o aumento do uso de pesticidas, a diminuição dos prados e sebes, a florestação com espécies exóticas e as alterações climáticas têm contribuído para esta situação".

    Quanto às alterações climáticas, ao contrário de outros especialistas da SPEA, Domingos Leitão garante que "ainda não existem provas para podermos ga- rantir que têm contribuído para a diminuição da espécie". Porém, o biólogo não tem dúvidas em apontar o dedo às novas práticas de agricultura. "A situação destas aves piorou com a adesão de Portugal à União Europeia, pois a modernização da agricultura destruiu paisagens que continham importantes locais de refúgio para o picanço-barreteiro", explica.

    Domingos Leitão acredita, porém, que é possível inverter a situação e aponta soluções. "Para salvarmos estes animais é preciso estimular um tipo de agricultura mais sustentável, como a agricultura biológica, que mantenha as sebes, as linhas de água, a paisagem natural, usando sistemas de protecção."

    Por outro lado, para que o picanço-barreteiro possa ser protegido é preciso que os ornitólogos o conheçam melhor. No entanto, em Portugal, os processos de monitorização estão ainda muito atrasados.

    Estudo sem asas para voar

    O picanço-barreteiro foi escolhido como ave do ano, mas é apenas a "espécie-bandeira" para sensibilizar o público em geral para a conservação da Natureza e para as alterações climáticas.

    Domingos Leitão explica que "os dados sobre a redução desta espécie não são fidedignos". Isto porque, em Portugal, a monitorização só começou em 2004, o que faz com que os primeiros resultados sobre o picanço-barreteiro, bem como as restantes espécies, só estejam concluídos em 2014. "Dentro do panorama ocidental, somos os mais atrasados na monitorização das aves", lamenta o biólogo.

    O estudo das aves depende da boa-vontade dos 150 voluntários da SPEA, pois "nestes cinco anos não houve qualquer financiamento estatal." A organização não tem rendimentos fixos, o que dificulta em muito o trabalho mo terreno e impede a concretização de um dos grandes objectivos da SPEA: "sensibilizar a população no geral, através de acções de formação". Ainda assim as "bolsas de mérito" dão para manter viva a SPEA que anualmente faz o censo de aves comuns e realiza uma contagem de aves no Natal e no Ano Novo.

    Para ajudar as aves a SPEA desenvolve acções de sensibilização (ver caixa), que têm uma dupla função: angariar fundos e envolver a sociedade civil nos projectos. Por falta de financiamento, os voos da ornitologia em Portugal continuam a ser mais curtos que os do pequeno picanço-barreteiro.
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