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    A víbora mais venenosa em Portugal não mata... mas mói

    Varicela
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    Número de Mensagens : 853
    10052009

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    Mensagem por Varicela

    http://dn.sapo.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=1227160

    Veneno
    A víbora mais venenosa em Portugal não mata... mas mói
    por RUI PEDRO ANTUNES

    A víbora-cornuda é uma das duas serpentes venenosas existentes em Portugal.

    Talvez por não se verem todos os dias, ou por serem muito mais pequenas do que as que aparecem nos documentários da National Geographic, em Portugal criou-se um mito popular: "Não existem serpentes venenosas." Nada mais errado. Que o diga um homem de Marvão, no Alentejo, que ainda há poucas semanas foi mordido por duas víboras-cornudas.

    Para descanso dos portugueses, e para sorte do homem atacado, o veneno desta serpente é tóxico, mas não letal. Aliás, em Portugal não há qualquer serpente cuja mordedura tenha um efeito mortífero. No País existem oito espécies de serpentes, mas só duas têm um veneno tóxico: a víbora de Seoane e a cornuda.

    Apesar de estarem presentes um pouco por todo o território nacional, é muito difícil avistar uma víbora-cornuda. Estas costumam agrupar-se em pequenos grupos e refugiam-se no mato. Em Portugal nunca atingem mais de 70 cm, o que as ajuda na camuflagem.

    Os livros científicos sobre répteis e anfíbios são claros: as víboras-cornudas não atacam por iniciativa própria e só o fazem se se sentirem ameaçadas. Foi o que terá acontecido no Alentejo.

    Porém, o facto de não terem um veneno letal não significa que estas serpentes não sejam perigosas. As mazelas da mordedura de uma víbora-cornuda podem ficar para toda a vida e não há qualquer antídoto para o veneno destes animais. Além disso, os idosos e as crianças podem mesmo sucumbir a um ataque, por não resistirem aos efeitos do veneno no metabolismo.

    No entanto, se os ataques das víboras-cornudas não são mortais para os humanos, o inverso não acontece. Uma das principais ameaças que estas espécies enfrentam é a constante perseguição por parte do Homem. As são sempre vistas como um animal ameaçador e por isso, assim que são detectadas passam a estar em perigo. Episódios como o do homem atacado em Marvão que , alegadamente, só se terá debruçado para apanhar um saco, contribuem para essa atitude.

    Outro flagelo que esta espécie enfrenta é a destruição de habitats, por sinal, também provocada pelo Homem. Por outro lado, o facto de, em Portugal, as espécies estarem muito fragmentadas geograficamente não facilita a sua sobrevivência.

    O Parque Natural de Montesinho ou a serra da Estrela são locais onde o encontro imediato com estas serpentes pode acontecer. O truque (ver caixa) é não fazer movimentos bruscos e acima de tudo não tentar a aproximação, pois a víbora retrai-se e foge.

    Apesar de serem um alvo a abater por parte dos humanos, as víboras-cornudas têm um papel importante no ecossistema português, pois ajudam a controlar as populações de roedores e permitem a existência de determinados tipos de águias. Porém, o único reconhecimento da população a estes animais deu-se numa aldeia transmontana que, ainda hoje tem o nome de "Campo de Víboras".
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