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Forum de Estudantes de Biologia da Universidade do Porto


    Ida, a nossa tia-avó com 47 milhões de anos

    Varicela
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    Número de Mensagens : 853
    20052009

    Ida, a nossa tia-avó com 47 milhões de anos Empty Ida, a nossa tia-avó com 47 milhões de anos

    Mensagem por Varicela

    http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1381656&id

    Fóssil encontrado na Alemanha
    Ida, a nossa tia-avó com 47 milhões de anos
    19.05.2009 - 23h10 Nicolau Ferreira
    Ida não conseguiu segurar-se quando os gases venosos do lago Messel, na região da Alemanha, a intoxicaram. A primata, que não teria mais de nove meses e 53 centímetros de comprimento, caiu nas águas, foi coberta pelo lodo, acabou por fossilizar e só passado 47 milhões de anos, em 1983, é que foi trazida à luz do dia. Mas a aventura do que pode ser o antepassado do grupo dos primatas superiores de que o Homem faz parte não acabou aqui.

    O fóssil foi descoberto por um coleccionador privado que dividiu as ossadas em duas metades. Uma foi restaurada e vendida como se estivesse completa, acabando por ser adquirida por um museu privado em Wyoming. Em 2000, descobriu-se que era uma fraude. A outra metade, que era maior, foi comprada há dois anos pelo museu de Oslo, na Noruega.

    “O meu coração começou a bater muito depressa”, disse aos jornalistas Jorn Hurum, referindo-se à compra do fóssil. “Eu sabia que o vendedor tinha nas mãos um acontecimento mundial. Não consegui dormir durante duas noites”, explicou o investigador do Museu de Oslo que esteve à frente da investigação, que foi hoje publicada na revista Public Library of Science. Quando o grupo começou a estudar o fóssil, rapidamente chegaram à conclusão que era a parte que faltava à metade já conhecida.

    Uma nova espécie

    Ida, como a baptizou Jorn Hurum, é um verdadeiro achado. 95 por cento do esqueleto está bem preservado devido às condições fora de série do lago que existia na região durante a época do Eocénico (há 56 a 34 milhões de anos), e que lançava gases venenosos por haver actividade vulcânica no local. É possível ver os contornos dos pêlos e a última refeição vegetariana da primata.

    Mas o que a torna tão especial é que parece ser uma antepassada do grupo de primatas superiores a que o Homem pertence, na altura em que se separou da linhagem que deu origem a espécies como os lémures, primatas inferiores e mais afastados do Homem.

    Ao contrário dos lémures, Ida não tinha uma garra no segundo dedo do pé, nem tinha dentes fundidos. Por outro lado, os olhos já estavam no mesmo plano, oferecendo uma visão parecida com a nossa, e não se situavam mais lateralmente, como acontece nos lémures. A nível do esqueleto o fóssil já tinha talos, um osso do tornozelo que aparece ainda mais desenvolvido nos humanos.

    “Isto mostra uma parte da nossa evolução que tem estado escondida até agora porque os únicos especímenes [encontrados] estão tão incompletos ou partidos que não há nada para estudar”, explica o investigador. Os investigadores resolveram chamar à nova espécie Darwinius masillae, em honra aos 200 anos do nascimento do evolucionista Charles Darwin.

    Jens Franzen, que trabalha na região de Messel e foi primeiro autor do artigo, salientou que Ida não é uma antepassada directa. “Ela pertence ao grupo a partir do qual se desenvolveram os primatas superiores e os seres humanos, mas a minha impressão é que ela não faz parte da linha directa”, disse, citado pela BBC News.

    Mas a descoberta está a ser um êxito. Foi hoje mostrada em Nova Iorque no Museu de História Natural pelo presidente da cidade, Michael Bloomberg, e a seguir volta para Oslo. “São necessários um ou dois ícones para arrastar as pessoas para o museu. Isto é a nossa Mona Lisa e vai ser a nossa Mona Lisa nos próximos cem anos”, concluiu Jorn Hurum.

    http://dn.sapo.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=1238019

    Paleontologia
    O degrau intermédio para primata superior
    por LUÍS NAVESHoje

    Ida viveu no Eocénico, há 47 milhões de anos. Foi herbívora, de pequena dimensão, mas já tinha polegar oponente e visão a três dimensões. Parecida com os lémures, mas sem ser um, esta primata pré-histórica é considerada uma "descoberta extraordinária" e o "elo perdido" entre os primatas (como os humanos) e animais mais primitivos. O degrau intermédio.

    Uma equipa internacional de paleontólogos, liderada pelo norueguês Jorn Hurum, do Museu de História Natural de Oslo, estudou um fóssil de uma espécie de transição com 47 milhões de anos e descobriu algo que poderá rescrever a história da biologia. Os próprios cientistas falam em descoberta "extraordinária" e o seu entusiasmo deve-se ao facto de se tratar do mais antigo ancestral comum dos primatas e o "elo perdido" que une estes primatas superiores (incluindo os humanos), a muitas outras espécies.

    Baptizada Ida, o animal do sexo feminino cujo esqueleto ficou preservado a 95% pertencia a uma espécie até agora desconhecida e que ficou com o nome científico de Darwinius masillae. Este animal semelhantes aos lemures é 20 anos mais antigo do que os fósseis existentes que podem explicar a origem dos primatas e da própria humanidade.

    O fóssil foi na realidade descoberto em 1983, perto de Darmstadt, na Alemanha. A sua origem deverá estar na base de controvérsia científica, já que as conclusões a que chegaram os cientistas são invulgares e o objecto em si também. Os privados que encontraram o fóssil dividiram o achado em duas placas e uma delas, que tinha menor quantidade do esqueleto, foi restaurada. Esta parte acabou por ser comprada por um museu americano, que reconheceu esta alteração. A parte cientificamente mais importante ficou com o Museu de História Natural de Oslo e foi ali estudada pelo perito que liderou a equipa internacional.

    Apesar destas vicissitudes, Ida está em condições de preservação espantosas e o trabalho de investigação publicado na revista especializada PLoS ONE revela aquilo que um professor da Universidade de Michigan, Philip Gingerich, compara a uma "pedra de Roseta", a famosa pedra que permitiu decifrar os hieróglifos egípcios.

    Ida era herbívora e o estudo com raios-X revelou características distintas dos lemures, os animais com quem se parece à primeira vista. Daí que os cientistas tenham considerado que se tratava de uma nova espécie. O nome contém a referência ao local de origem, a pedreira de Messel, e a Charles Darwin, de quem se comemoram os 200 anos de nascimento.

    Outras características que impressionaram os investigadores incluem a visão a três dimensões e as mãos com cinco dedos, com o polegar oponente que permitia movimentos de grande precisão. Tudo isto é visível no destaque da imagem. Menos visível é a fractura no pulso que poderá ter sido a causa da morte de Ida.
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