BIOLOGICUS FORUM

Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.
BIOLOGICUS FORUM

Forum de Estudantes de Biologia da Universidade do Porto


    Um 'martelinho amarelo' que canta

    Varicela
    Varicela

    Número de Mensagens : 853
    07122009

    Um 'martelinho amarelo' que canta Empty Um 'martelinho amarelo' que canta

    Mensagem por Varicela

    http://dn.sapo.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=1440356&seccao=Biosfera

    Vulnerável
    Um 'martelinho amarelo' que canta
    por MARIANA CORREIA DE BARROSOntem

    Pode ser observada no extremo norte do País nos meses mais quentes. Mas não se sabe onde passa o Inverno. O fim da agricultura tradicional e o uso de pesticidas são a maior ameaça para a escrevedeira-amarela, uma pequena ave quase desconhecida em Portugal

    O piar característico levou os ingleses a chamá-lo familiarmente de yellowhammer (martelinho amarelo). Mas em Portugal este pequeno pássaro, de penugem amarelada, é quase um desconhecido. Só no extremo norte português, onde a ave nidifica a partir da Primavera, se ouve o seu canto. Para onde voa nos meses mais frios? É uma incógnita.

    Estudos europeus revelam que não é uma espécie migradora. No Centro e Norte da Europa, zonas onde tem uma distribuição mais vasta e homogénea, é residente. Passam o Inverno na mesma zona onde nidificam ou fazem pequenas migrações, de curta distância. Em Por- tugal, criam os seus ninhos em altitudes elevadas, entre 900 e 1000 metros, e "provavelmente no Inverno descem para terras mais baixas, dentro da mesma região. Mas é um movimento ainda pouco conhecido", explica Gonçalo Elias, coordenador do portal Aves de Portugal e que faz observação de aves há mais de 20 anos.

    Sabe-se que os indivíduos chegam à região do Barroso (onde têm maior representação) e zona de Melgaço no final de Março, começam a preparar os ninhos em Abril e ficam até princípios de Outubro. Depois desses meses não há registos.

    Há observações esporádicas na Beira Alta, Beira Baixa, e até na Estremadura, ao pé do estuário do Sado. "São zonas onde não há ocorrência regular durante o Inverno. Mas podem ser vistos indivíduos perdidos que provavelmente seguiram numa direcção diferente." Houve em 2005 um caso isolado, de 36 aves que foram observadas na região de Chaves durante o Inverno, no entanto, de acordo com Gonçalo Elias, "podem ter vindo da Galiza". Nunca se chegou a conhecer ao certo a sua origem.

    Os primeiros dados históricos da presença da espécie em Portugal remontam ao início do séc. XX (nos anos 20 e 30) exactamente na região do Barroso. Pelo seu pequeno ta-manho, a escrevedeira- -amarela é uma ave de difícil recenseamento. As estimativas populacionais publicadas em 1996 no Atlas das Aves do Parque Nacional da Peneda-Gerês apontam para os 250 a 350 casais naquela que é a sua principal zona de ocorrência. Fora do parque, de acordo com estudos do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade, existe uma população quase equivalente, no máximo de 250 casais. Estes números representam assim uma fracção muito reduzida quando comparada com as estimativas europeias que andam entre os 15 e os 25 milhões de casais. "Estamos no limite da distribuição da população, que tem maior expressão na Europa Central e do Leste."

    Em Portugal, a espécie foi considerada "vulnerável" no Livro Vermelho dos Vertebrados, "justamente por ter uma população reduzida". A nível europeu, é considerada "não ameaçada", embora um estudo da BirdLife, publicado em 2004, aponte para o rápido declínio nas últimas décadas. No Reino Unido, a escrevedeira-amarela foi classificada como "ameaçada" porque houve, entre 1970 e 2003, um declínio de 54% no número de casais.

    As ameaças estão relacionadas com a destruição dos terrenos agrícolas e matas, e o uso intensivo de pesticidas, que reduzem a disponibilidade de alimento (sementes e pequenos insectos) de que a escrevedeira-amarela se alimenta.

    A maioria dos registos da espécie em Portugal é feita por observação. "O Parque da Peneda-Gerês tem realizado algumas campanhas de anilhagem", diz Gonçalo Elias. "As aves são capturadas com re-des colocadas no meio da vegetação e depois põe-se uma anilha de metal que tem uma sequência de números na pata. Assim, quando a ave volta a ser recuperada é possível extrair informação sobre a sua longevidade e as suas movimentações", explica. Mas com o fim da agricultura tradicional, Portugal corre o risco de ver desaparecer uma das suas aves menos conhecida.
    Compartilhar este artigo em: reddit

    Nenhum comentário

      Tópicos semelhantes

      -

      Data/hora atual: Sáb 27 Abr 2024, 02:44