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Biologia
Insectos que viajam velozes a cavalo no vento
por FILOMENA NAVESHoje
Descoberta pode ser importante para controlar as pragas na agricultura.
Aproveitam as fortes correntes de vento em altitude e conseguem viajar milhares de quilómetros em poucas noites, chegando ao destino sem desvios. Este processo, que até agora era um mistério para os cientistas, é utilizado pelos insectos migradores nas suas viagens.
A descoberta, que tem implicações importantes para o futuro controlo de pragas de insectos na agricultura, é publicada hoje na revista Science.
Antes da chegada do Inverno, rumam ao Sul, em direcção às regiões do Mediterrâneo, e instalam- -se por aqui, nas latitudes amenas como a de Portugal. Não, não são aves migradoras. São insectos que migram também, como as mariposas ou as borboletas nocturnas. Mal a Primavera se aproxima de novo, voltam a partir para as regiões europeias mais a norte.
Estas migrações empreendidas por espécies de tão pequena dimensão sempre fascinaram os cientistas. Como conseguem estes bichos liliputianos chegar ao destino em segurança, sem serem arrastados para muito longe do alvo pelas rabanadas de vento?
A resposta é dada por um grupo de investigadores de várias universidades e institutos de investigação britânicos. Os cientistas seguiram os voos alucinantes destes pequenos insectos graças a um equipamento de radar especialmente concebido para o efeito e o resultado das observações é surpreendente: estes insectos têm um sentido de orientação que lhes permite seleccionar as correntes de vento que lhes interessam, em função do seu destino. E é com esse empurrão favorável que conseguem viajar a velocidades que, segundo o EurekAlert, podem chegar aos cem quilómetros por hora.
Além desta capacidade para aproveitar as correntes do vento em altitude, estes insectos conseguem ainda fazer pequenos ajustamentos de trajectória quando a direcção em que são empurrados não coincide exactamente com a sua.
O estudo, que foi realizado por investigadores das universidades de Exeter, Greenwich e York, do Met Office, para a meteorologia, e do instituto Rothamsted, para a agricultura, revelou ainda que estas espécies conseguem percorrer milhares de quilómetros em apenas algumas noites, graças a este aproveitamento dos ventos favoráveis.
A equipa utilizou um modelo computacional para estudar a viagem dos insectos e comparou-a com os percursos de partículas inertes modelados em computador. Os insectos conseguiam percorrer em média mais cem quilómetros do que as partículas em cada oito horas.
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