Instituto Ricardo Jorge só tem um segurança desarmado

http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/Interior.aspx?content_id=1243304

Potenciais armas biológicas no Instituto
Instituto Ricardo Jorge só tem um segurança desarmado
por Sandra Moutinho

A segurança do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, ao qual chegam diariamente amostras de produtos biológicos, algumas das quais potenciais armas biológicas, limita-se à presença de um profissional desarmado. O presidente da instituição reconhece que "é pouco".

Vírus e bactérias, bacilos e outros produtos biológicos são analisados neste instituto, que é "o braço armado da saúde pública em Portugal", como disse à Agência Lusa o seu presidente, Pereira Miguel.

"Há constantemente produtos que chegam com suspeitas e que têm de ser aqui processados", adiantou.

Segundo Pereira Miguel, "por vezes há situações de muita gravidade e suspeita, como de bioterrorismo, que passam por aqui".

"A maior parte das vezes são quase partidas de Carnaval, mas quando essas partidas envolvem embaixadas ou outros serviços, onde a suspeição pode ser elevada, esses produtos vêm aqui parar", acrescentou.

Apesar de os laboratórios de nível de segurança mais elevados do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) obrigarem a códigos de acesso, há fragilidades em matéria de segurança, reconhece Pereira Miguel.

"Temos segurança 24 horas por dia [garantida por um profissional de uma empresa privada] e alguns mecanismos internos de controlo no acesso às zonas onde estão esses produtos [perigosos], mas é obvio que tenho de reconhecer que o INSA devia ter mais segurança", afirmou.

O especialista em saúde pública acrescentou que há institutos semelhantes ao INSA que têm "mais segurança" e outros que "têm menos".

"Visito muitas vezes outros institutos que apresentam barreiras muito mais importantes para se entrar, como cartões magnéticos para impedir o acesso de pessoas a determinadas áreas", acrescentou.

Pereira Miguel alerta para o facto de o INSA estar localizado junto a um grande estádio de futebol, sendo, nos dias e noites de jogo, "invadido" por adeptos.

Nesses dias, prosseguiu, "os carros são estacionados quase dentro do edifício, o que não é uma situação adequada para este tipo de instituição", lamentou.

Segundo Pereira Miguel, o conselho directivo do INSA tem "reflectido" sobre esta situação e tem "propostas" que irá apresentar à tutela.