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    Haverá 16 linces em Silves até final do ano

    Varicela
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    Número de Mensagens : 853
    25052009

    Haverá 16 linces em Silves até final do ano Empty Haverá 16 linces em Silves até final do ano

    Mensagem por Varicela

    http://dn.sapo.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=1242482&seccao=Biosfera

    Reprodução em cativeiro
    Haverá 16 linces em Silves até final do ano
    por FILOMENA NAVESOntem

    Primeiros seis a dez animais poderão vir para Portugal em Julho ou Setembro. Reintrodução na natureza será feita no próximo ano, em duas zonas no Norte da Andaluzia


    Nus, ainda sem vida, os 16 cercados dispostos em duas filas, e todos demarcados por redes, contrastam na sua cor-de-terra com a paisagem verde e azul em volta. Para lá das cercas, por enquanto vazias, a albufeira da barragem do Funcho, em frente, é uma visão tranquila. Até final do ano, no entanto, os 16 cercados do Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico, perto de Silves, no Algarve, vão receber os seus inquilinos, que virão de Espanha. O centro integra a rede ibérica do programa de reprodução de lince em cativeiro, para futura reintrodução da espécie na natureza.

    As primeiras reintroduções estão previstas para 2010, talvez no Outono, em duas zonas do norte da Andaluzia, em Espanha.

    As instalações de Silves estão praticamente prontas. "Faltam pequenos detalhes, como o enriquecimento ambiental dos cercados, para os animais se sentirem em casa", explica Rodrigo Serra, veterinário, especialista em felinos e director técnico do centro, que há cinco anos trabalha no Programa Ibérico de Reprodução do Lince em Ca- tiveiro, em Acebuche, em Doñana, Espanha. Foi ele o consultor técnico para a construção do centro de Silves, na Herdade das Santinhas, cujas obras foram financiadas pela Águas do Algarve, ao abrigo das medidas de compensação da barragem de Odelouca.

    Dentro de uma semana, a 1 de Junho, a equipa técnica do centro algarvio - dois veterinários, incluindo Rodrigo Serra, uma bióloga especializada em comportamento animal, quatro tratadores que receberam formação em Doñana e um administrativo - vai lançar-se ao trabalho para os acabamentos necessários. Os animais poderão vir logo a seguir. "Numa primeira fase virão entre seis e dez linces, mas a data ainda não está definida. Depende de uma reunião que haverá em breve", adianta Rodrigo Serra.

    Depois disso, em Julho ou em Agosto, se estiver muito calor, os animais não poderão ser transportados, porque isso tem riscos para a sua saúde. "É provável, por isso, que os primeiros animais só cheguem em Setembro", estima o director do centro. Mas garante: "Até final do ano, os 16 cercados estarão todos ocupados."

    Fado e Fandango são duas crias de lince-ibérico. Nasceram este ano no centro de reprodução de Acebuche, em Doñana, e receberam nomes começados pela letra F, porque esta é a quinta letra do abecedário - e eles nasceram no quinto ano do programa ibérico de reprodução da espécie em cativeiro, sob a coordenação da veterinária e bióloga espanhola Astrid Vargas.

    Agora com dois meses, as duas crias - dois dos potenciais inquilinos do centro de Silves - estão na sua fase crítica. Entre os 32 e os 64 dias de vida, "as crias de lince-ibérico entram em curto-circuito", diz Astrid Vargas, meio a brincar. A sério, a sério, este é mês crítico para as crias desta espécie, porque se lançam em grandes lutas umas contra as outras. E se a mãe não consegue separá-las, os tratadores têm de intervir rapidamente para a que as coisas não acabem da pior maneira. "Nesta altura, dormimos com o telemóvel junto da almofada", conta Astrid Vargas.

    A razão de tanta violência entre as crias neste período crítico - passado o dia 64, as coisas acalmam - os biólogos não sabem, "É assim em cativeiro e, possivelmente, também em condições naturais, mas não temos observações que nos permitam confirmar isso. Sabemos apenas que na natureza, em média, a mãe perde uma cria a cada ninhada", explica Astrid Vargas.

    Mas a fase má de Fado e Fandango está a chegar ao fim. E o primeiro, adianta a directora do programa ibérico, é um inquilino quase certo do centro de Silves. "É uma mistura genética, de uma mãe de Doñana e de um pai da Sierra Morena, o que é muito bom", garante a especialista, que não esconde a satisfação com a abertura do centro de reprodução da espécie no Algarve. Ele também vai permitir escoar os animais que, ao fim de cinco anos de programa, acabaram por lotar os centros espanhóis, num total de 78. Destes, 42 já nasceram em cativeiro. E este ano houve um recorde de 18. Quanto ao centro de Silves, cuja "equipa técnica é excelente", nota Astrid Vargas, um bom resultado no primeiro ano será os animais manterem a boa saúde. "Em geral, no primeiro ano não há reprodução", conclui.
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