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Investigadores estudam mecanismos de toxicidade cardíaca de anticancerígenos
Escrito por CienciaPT
Reduzir a elevada toxicidade da Adriamicina, um fármaco em uso clínico, bastante eficaz no combate a diversos tipos de cancro, mas com utilização cuidada devido aos danos causados em diversos órgãos, nomeadamente no coração.
Este é o objectivo de uma investigação em curso, conduzida por uma equipa de cinco cientistas da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), através do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC), em parceria com a Universidade do Minnesota (EUA), com a Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, através do Centro de Investigação em Actividade Física, Saúde e Lazer (CIAFEL) e com a Universidade Fernando Pessoa, no Porto.
Financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), a investigação começou em 2002 e centra-se em estudar e perceber os mecanismos pelos quais a adriamicina interfere com a mitocôndria cardíaca, o organelo responsável pela geração de energia nas células. Esta investigação tem também levado ao estudo de moléculas que ajudem a prevenir e/ou bloquear os danos causados pelo medicamento no coração.
Para o coordenador do estudo, Paulo Oliveira, “impõe-se reduzir a toxicidade da Adriamicina porque estamos perante o paradigma de uma das mais potentes drogas anti-cancerígenas, mas cuja utilização clínica é limitada devido aos problemas cardíacos que provoca, o que aliás tem levado ao desenvolvimento de formulações alternativas”.
Das baterias de testes realizados in vitro (linhas celulares cardíacas) e in vivo (modelos animais) ao longo da pesquisa, da qual já resultaram 12 artigos científicos publicados nas revistas de referência, foi possível verificar, pela primeira vez, que para além do coração, outros órgãos são também afectados pela toxicidade do fármaco, embora seja de facto a mitocôndria cardíaca a mais sensível à toxicidade da adriamicina.
A função da mitocôndria é um indicador altamente fiável para avaliar a toxicidade de diversos compostos farmacêuticos em vários órgãos alvo. Cada vez mais, empresas de topo da indústria farmacêutica recorrem ao uso de mitocôndrias isoladas de vários tecidos para testarem os seus fármacos numa fase muito inicial de desenvolvimento.
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