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Peneda/Gerês
Parque Nacional intervém na Mata Nacional do Gerês
O Plano de Ordenamento do Parque Nacional da Peneda-Gerês prevê medidas de gestão activa dos ecossistemas e das áreas de interesse geológico excepcional, casos da Mata Nacional do Gerês, um carvalhal raro na Península Ibérica e na Europa
Em declarações à Lusa, o biólogo Henrique Carvalho adiantou que a Mata Nacional do Gerês, que se estende por 15 mil hectares, tem no seu núcleo central - a Mata da Albergaria - um carvalhal climáxico, ou seja, "uma floresta no máximo da sua evolução, com árvores com mais de 400 anos".
"Um carvalhal como este tem um longo processo de evolução: começa por ser apenas vegetação, com líquenes e musgos, depois passa a fetos, e a matos com algum porte arbóreo e desenvolve-se até se tornar num carvalhal denso", explicou.
Henrique Carvalho frisou que a intervenção neste tipo de floresta visa, nomeadamente, "evitar a degenerescência das árvores", já que - acentuou - "ou há regeneração das árvores ou a floresta pode voltar ao ciclo inicial".
A Mata de Albergaria, única no país, pertence ao Estado desde finais do século XIX, estando, agora, sob gestão do Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade.
Além da intervenção na Mata Nacional, o documento prevê acções idênticas nos complexos higro-turfosos do Planalto de Castro Laboreiro, do Planalto da Mourela, e na Mata do Mezio, onde se registou, em 2008, um grande incêndio.
O documento, que se encontra em discussão pública, prevê ainda intervenções, a curto prazo, em manchas de espécies invasoras lenhosas, e em áreas degradadas por extracção de inertes.
O Plano, que irá substituir o que está em vigor desde 1995, salienta que se trata de "áreas de intervenção específica para a conservação dos valores naturais, da biodiversidade e da geodiversidade, por serem possuidoras de um valor biológico cuja conservação carece de cuidados de manutenção ou recuperação".
O director do Parque, Lagido Domingos, adiantou aquando da apresentação do Plano, que, no domínio florestal o "objectivo da intervenção é o de promover a preservação e restauração dos habitats de vegetação arbórea, com relevo para os carvalhais, incluindo sobreirais, azerais e medronhais".
Pretende-se ainda "intervir nos bosques e louriçais, nos bosques de teixo e nos ripícolas, nos pinhais de pinheiro-silveste reliquiais, nos matos montanos, incluindo zimbrais e matos colinos, nos complexos higroturfosos, nomeadamente turfeiras e urzais higrófilos, e na vegetação rupícola e aquática não arbórea".
O documento identifica também como áreas de intervenção específica para a valorização cultural e patrimonial, o Castelo Medieval de Castro Laboreiro, as necrópoles megalíticas de Castro Laboreiro, Lamas do Vez, Britelo e Mourela, os Fojos do Lobo da Peneda e Soajo, e o Mosteiro de Santa Maria das Júnias, em Montalegre.
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