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As ameaças para a sobrevivência dos cavalos-marinhos
A medicina chinesa, a sobre pesca, a degradação do habitat, o artesanato turístico e a captura para os aquários são as principais causas que ameaçam a sobrevivência dos cavalos-marinhos (Hippocampus).
Foi o que afirmou a cientista marinha da Oceana, Ana de la Torriente, que apela para que todas as espécies deste animal, aproximadamente 35, tenham o maior nível de protecção possível, pois nem todas têm a classificação máxima de protecção nas diferentes listas e convenções internacionais e nacionais.
Em 2004, a CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas) acordou dar protecção internacional aos cavalos-marinhos perante o estabelecimento de uma taxa mínima de captura que os permita reproduzir-se ao mesmo tempo que são capturados.
No passado dia 15 de Janeiro, a imprensa peruana dava conta da apreensão de 25 mil exemplares num armazém de um cidadão chinês que tinha previsto enviá-los para o Japão via Hong Kong. Um mês depois, no Panamá, conhecemos a notícia da apreensão de 20 mil cavalos-marinhos dissecados e camuflados dentro do estômago de um peixe do Peru.
Há uns anos atrás, no Mar Menor (Múrcia), as pessoas viam no mar facilmente estes animais enigmáticos. Neste local, também se aponta como causa do seu desaparecimento as medusas, a degradação do seu habitat e as lembranças, que eram muito comuns venderem-se aos turistas, como porta-chaves ou quadros com cavalos-marinhos dissecados.
Outro problema é a falta de informação, pois sabe-se muito pouco sobre os seus ciclos de vida, a sua zoologia e o seu número. O Centro Oceanográfico de Múrcia do IEO (Instituto Espanhol de Oceanografia) tem vindo a desenvolver desde 2004 um projecto de investigação para determinar as causas que põem em perigo a sua vida.
Os seus investigadores informaram no ano passado que os cavalos-marinhos do Mar Menor apresentavam uma população envelhecida caracterizada por uma ausência quase total de juvenis. Durante 2008, segundo a mesma fonte observou-se uma certa recuperação da população com a primeira ocorrência de juvenis em censos visuais, mas em 2009 a situação tornou-se novamente "decepcionante", por não terem sido localizados nenhuns jovens e os adultos observados eram extremamente escassos.
Como uma das causas desta alta mortalidade os cientistas dizem que se poderia apontar para a proliferação massiva de medusas que se reproduzem no Mar Menor ao longo dos últimos 10 anos. Eles acrescentam que, possivelmente, o efeito foi duplo: por um lado a competição pelo alimento e por outro lado a asfixia que os cavalos-marinhos podem encontrar perante massas de medusas e a mucilagem (massa viscosa) que produzem.
O coordenador da investigação no Instituto de Investigação Marinha de Vigo do CSIC (Conselho Superior de Investigações Científicas), Miguel Planas, explicou que é muito difícil fazer um estudo populacional de espécies selvagens na área, porque existem muito poucas.
Sabe-se, segundo Planas, que os pescadores afirmam que há uns anos atrás havia muitos cavalos-marinhos em determinadas áreas. A investigação concentra-se agora numa forma de desenvolver técnicas de cultivo para reproduzir em laboratório várias espécies e ver se é viável o seu repovoamento no meio natural.
Fonte: www.elmundo.es
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