Fungos contra malária

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Testes
Fungos contra malária
por F. N.02 Maio 2009

Investigadores querem utilizar esporos de fungo para matar mosquitos que transmitem malária. Primeiras experiências são promissoras. Doença mata três milhões de pessoas todos os anos, incluindo um milhão de crianças

A utilização de "pesticidas", sob a forma de fungos, é uma das últimas ideias em cima da mesa para combater a malária. A doença, que todos os anos infecta 300 milhões de pessoas e mata outros três milhões (incluindo um milhão de crianças), continua a dizimar populações pobres, sobretudo em África.

A nova proposta para combater a doença (ver gráfico) passa por atacar o mosquito Anopheles (só as fêmeas infectadas deste género transmitem a doença) com um fungo, cuja acção não torna a descendência resistente ao "pesticida".

O fungo que está a ser testado, e que aparentemente tem grandes potencialidades, é o Metarhizium anisopliae. A estratégia joga com o próprio ciclo reprodutor do mosquito.

A ideia é colocar os esporos do fungo no esqueleto externo do insecto, de forma que eles germinem e, lentamente, penetrem no seu interior. Uma vez lá dentro, os esporos crescem muito rapidamente e acabam por causar a morte ao mosquito.

De acordo com um artigo publicado na revista científica na PLoS Biology, os testes já demonstraram que os mosquitos descendentes não desenvolvem resistência e as suas picadas que transmitem a infecção diminuem em 95 por cento. Resta agora aguardar pelo desenvolvimento desta técnica e esperar que ela possa ser aplicada em larga escala.

Em Portugal, há vários investigadores e grupos envolvidos no estudo da malária. A cientista mais conhecida nesta área é Maria Mota, que já fez descobertas importantes e que dirige um grupo de investigação no Instituto de Medicina Molecular, em Lisboa.

No final do ano passado, o grupo liderado por Maria Mota publicou na revista PLoS Pathogens o resultado de um trabalho de dois anos: o rastreio de 700 genes para tentar identificar os que influenciam (piorando ou diminuindo) a infecção humana da malária. O trabalho, que envolveu também investigadores estrangeiros permitiu identificar cinco "culpados", abrindo também a porta a novas pesquisas, que o grupo prossegue.